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Milena Velloso

O buzu amarelinho


Um grande alento e fator de tranquilidade foram os serviços públicos que usufruímos no Vale: a água é gratuita e comunitária, a escola pública e o posto de saúde da família funcionam. Claro que nenhum dos três é perfeito, como também eram imperfeitos os serviços privados que utilizávamos em Salvador e que nos custavam uma fortuna por mês. Somente com escola esse ano seria mais de 3.000 por mês, imagine isso.. Em um ano 36.000,00, pagaríamos, se estivéssemos em Salvaldor, um carro por ano para as crias terem um a educação que contemplasse minimamente os aspectos de cidadania e aprendizado que achamos bacana. E mesmo assim seria um trabalhão: acompanhar, participar de reunião com pais barganhando direitos por deveres e vice-versa, fazer mutirão e ainda pagar por isso. Uma delícia ser atendida pelo Estado e ver algum retorno dos impostos pagos por tanto tempo. Ananda vai pra escola num ônibus do programa Caminho pra Escola, FNDE, lindo, novo, amarelo, com aquele barulhinho que daqui de casa conseguimos saber que chegou, aí é só correr , adiantar o passo. Sem querer fazer propaganda desse governo, mas já fazendo , muita coisa melhorou muito, pra muita gente. Que bom estar desse lado dessas gentes que precisam de governo e desejam que o governo entenda que ele serve mesmo é pra isso: para repartir o bolo e todo mundo comer o suficiente , mas não se lambuzar, que isso é deselegante e engorda.

Então, voltando ao tal do ônibus, Ananda fica encantada ao usar o amarelinho, e nós também, afinal essa conveniência de só precisar levar Marina pra escola e de ver os outros dois filhos independentes (Ananda, com 9, Luan, 14) é um luxo com certeza quase impossível de se ter na cidade, pelo menos com tranquilidade e segurança. Para além dessas questões, ver o nosso filho estudando na mesma escola do filho do pedreiro que trabalhava na nossa casa é muito bom e aponta para algumas esperanças e possibilidades de sociedade que achamos bacana e no mínimo mais interessante. Isso para não falar da qualidade dos diálogos e interpelações que geralmente acontecem nos outros espaços privados de construção coletiva que estávamos habituados, às vezes parecia até que não queríamos uma escola boa e acessível para todo mundo, mas somente para os nossos filhos, quase uma bolha.

Aqui não rola isso. Muito trabalho, pouca frescura. É mão na massa, quem reclama do problema precisa ser o primeiro a apontar a solução. E fazer, com data, prazo e horário agendados. De resto, é optar por ser feliz, desejar a esperança de óculos e os filhos de cuca legal, sem mimimis. Pedagogia Crítica, Freireana. Radical.


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